segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SANTA CEIA

A mão desabrochou deixando os dedos pendurados como flores em final de primavera os estilhaços no chão misturou-se ao destilado orvalho da madrugada ,assim os joelhos foram dobrando fazendo-se reverência as damas da noite. Riam elas ao molhar o rosto em água benta e fazer da óstia objeto de orgia, putas santas grafitando a santa ceia nos sagrados muros da cidade para que as pombas cagassem no cálice de vinho tinto de sangue... ele ria tambem.
O tal astro ilumina a cidade que outrora era palco dionisíaco, copos,taças,corpos, praças tudo no chão só ele que não.
Todos passam sobre seu olhar e seu olhar passa sobre todos, na selva de piche o martelo é de concreto e o juiz veste prada.
Elas o arrastam sobre a metrópole e a metrópole o lambe como docê em boca de criança em dia de cosme damião, a ciranda se arma na espera de uma nova cantinga, a vida toca notas leves degustando a chuva que cai, claro: a chuva é saliva sagrada benzendo os que se deixam molhar.
Tudo roda,tudo moda, tudo poda,tudo foda limonada vira soda... tudo para estragar.
Se fecham os dedos, a vida, as flores, primavera e verão.
Se fecham as portas do peito... só as pernas que não.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A DOIS

Pensei em dormir fora... voltei.
Pensei em ficar no sofá... fui para o quarto.
Pensei em voltar para a sala... dormi.
Pensei em acordar... sonhei.
Pensei em desistir... amei.